quarta-feira, 25 de julho de 2007

Encontro [1]

De olhos postos no tecto do quarto, deitada na cama, belisca-se. É muito mais que um acto de imaturidade ou vulnerabilidade. É um sinal claro da confusão que vai na sua cabeça.
Conhece Luís há 20 anos. São amigos. Amigos. Só amigos. Simplesmente amigos. Porquê agora?
Do Luís nunca esperou senão segurança. Conforto, vá. Que sentimento inconsequente é este?
Olha-o. Julga-o profundamente adormecido e decide passar-lhe a mão no rosto, sob o pretexto de lhe afastar uma madeixa da testa. Apercebe-se de como sempre gostou do seu cabelo desgrenhado. Estremece. Ainda de desejo. Réplica dos momentos vividos. Dos sentimentos que há muito não partilhava.
Deitada, agora sob o cotovelo, a esboroar-se por dentro, percebe como a sua ausência lhe doía. Na aparente neutralidade dos seus gestos, um bater do coração. Levanta-se. Vacilante veste a camisa de Luís perdida no chão.