quinta-feira, 1 de março de 2007

Endividamento

Não sendo um tema novo é, sempre, nos tempos que correm, actual. Tenho-o mantido na gaveta, apesar de já o ter abordado noutros pedaços. Ontem á noite, depois de ler o post do meu amigo Nuno, do NUnoAR, apeteceu-me falar dele, do endividamento. Do meu, do teu, do nosso, do vosso, do deles. De todos. Somos, de facto, um país de endividados, de sobreendividados, de insolubilidade crónica.

Todos os dias e, de forma crescente, chegam novos casos ao Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores (GOEC). Seria um bom sinal se, efectivamente, lá fossem para aquilo que o gabinete foi constituído, para a orientação (antes do…) ao endividamento. Mas não. Sendo este um país onde todos somos doutores, engenheiros e arquitectos, independentemente da instrução que tenhamos, para que nos havemos de informar se sabemos tudo?

Não sabemos fazer contas? Ora essa!... Já quando era pequena, ajudava a minha avó na mercearia, era eu que fazia a contabilidade do estabelecimento, agora não sei gerir a minha própria família?

É tão fácil obter dinheiro. Basta um telefonema e já está. Passados meia dúzia de meses, e quando já se está em fase de incumprimento, a culpa é do governo que não legisla o acesso ao crédito.

Só facilitismos, só facilitismos, e agora? Agora só ganho 500 euros por mês, posso lá pagar 450 de crédito!

É fundamental avaliar a vantagem, ou urgência, em antecipar o consumo através de um crédito sobre a realização de uma poupança para aquisição de determinado bem. Sobretudo é preciso educar financeiramente as famílias.

Enquanto não percebermos que a maior riqueza que podemos ter é aquela que a nossa instrução nos dá, não vamos longe. A outra, a riqueza económica, financeira, vem atrás com toda a certeza. Não tenho dúvidas disso.

9 comentários:

Maríita disse...

O endividamento forma parte daquelas questões que deveriam ser abordadas na escola. Para além de comportamentos cívicos as crianças deveria ser colocadas desde cedo perante uma cultura de responsabilidade e ao mesmo tempo dever-se-ia apelar à poupança das famílias, ainda não há muito tempo Portugal era um dos países no topo da lista dos países com maior poupança nacional. O que é que aconteceu à prudência?

Beijinhos

CaCo disse...

É verdade Maríita, se não começarmos a poupar, a geração que tem hoje 30/40 anos está tramada na velhice. A segurança social vai entrar em colapso a curto prazo.
E tens razão, relativamente às escolas, devia começar-se a sensibilização para necessidade de um planeamento do orçamento familiar. Não é só gastar...

TONY, Duque do Mucifal disse...

pois, aqui o problema começa no status quo que se tenta implementar junto das pessoas. Todos nós somos coagidos a ter boas roupas, bons carros, bons telemoveis, casa...enfim...somos induzidos ao comsumo. E acompnhar estas tendencia, os bancos criaram os créditos ao consumo...algo impensável para os nossos pais com os nossos 30 anos. E nem fales em poupar, porque esta é uma geração á JAMES DEAN, ond se vive depressa e se gasta mais depressa ainda.
E tem razao no teu plano de prevenção. Mas a nossa Educação leva tanto pontapé!

Anónimo disse...

Alguns economistas dizem que, no contexto mundial, Portugal é um país rico. Quando chega a hora de aumentar impostos os governos dizem que o país é pobre!!! Em que é que ficamos?
Eu sei que normalmente quem sai a lucrar de tudo isto é o negócio da banca. Basta analisarmos os gigantescos lucros anuais de todos os bancos em Portugal.
Continua caco. Desabafa por aqui que eu ajudo do outro lado!
Beijo

vinte e dois disse...

Hoje em dia, com tanto bombardear na tv, nos jornais, nas rádios, de créditos concedidods de mão beijada, muita gente não consegue resistir à tentação. Mas a mim, o que me confunde um bocado é as pessoas não saberem somar. Se ganham X não podem simplesmente gastar Y.
Obrigado pela visita ;)

LoiS disse...

Quem lidou com estas questões a nível profissional mais de perto, com toda a certeza ficou ilucidado que o ser humano é uma máquina complexa.

Até a mer* do condomínio não pagam certas pessoas, quanto mais a prestação da porra do carro e em maior número cada vez mais, infelizmente, a da casa.

O facilitismo, o ter e depois pagar, toda esta sociedade de consumo quase que obriga à compra daquilo que não se necessita. Ou, no caso de bens essenciais, compra-se num patamar bem acima do razoável, esse é o mal !

Há mais de uma década atrás já falavamos, na financeira onde trabalhava, que existiam suicídios por causa das dívidas em França e na Suiça. Disse então eu, baseado no conhecimento do tipo de gente com que estava a lidar na gestão de créditos: " não demorará muito a que aconteça o mesmo por aqui ! ".

Estarei errado ?

Anónimo disse...

Hoje em dia existem uma série de factores que elevam o consumismo ao mais alto padrão.

Desde o dinheiro de plástico, com cores muito garridas e que até dão uma ceta "pose" a uma carteira, á "injecção" de MKT á qual smos bombardeados desde a nosssa caixa do correio aos Mass Media.

As pessoas encontram-se cada vez mais "mal-educadas" como consumidoras.

Beijinhos Zita

CaCo disse...

Tony – é melhor começares a pensar em poupar; a coisa vai azedar num futuro próximo...

Nuno – vou desabafando aqui e lá ;)

22 – as pessoas somar sabem, são é iludidas pelas facilidades apresentadas.

LoiS – depressões, suicídios,... já é verdade em Portugal (por motivos financeiros, quem se lembra do fulano que assaltou o banco em Setúbal?– há relativamente pouco tempo - , ou daquele que se quis atirar da ponte?)

Zita – é verdade, a publicidade está muito agressiva, no que respeita a esta matéria.
(obrigada pela visita, retribuirei oportunamente)

Capitão-Mor disse...

Há tempos atrás entretive-me a ouvir uma reportagem da TSF sobre o endividamento dos portugueses e fiquei impressionado. Existem muitas pessoas que querem aparentar algo que não são, mas as realidades profissionais actuais são incertas e surgem os dissabores quando um dos elementos do agregado familiar fica sem trabalho.
Bom fim de semana!